- Que
é o Espírito?
“O princípio inteligente
do Universo.”
- Qual
a natureza íntima do Espírito?
“Não é fácil analisar o
Espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é
alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e o nada não existe.”
- Espírito
é sinônimo de inteligência?
“A inteligência é um
atributo essencial do Espírito. Uma e outro, porém, se confundem num princípio comum, de sorte
que, para vós, são a mesma coisa.”
- O
Espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som
o é do ar?
“São distintos uma do
outro; mas, a união do Espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria.”
- Essa
união é igualmente necessária para a manifestação do Espírito?
(Entendemos aqui por Espírito o
princípio da inteligência, abstração feita das individualidades que por esse nome se
designam.)
“É necessária a vós
outros, porque não tendes organização apta a perceber o Espírito
sem a matéria. A isto não são
apropriados os vossos sentidos.”
- Poder-se-á
conceber o Espírito sem a matéria e a matéria sem o Espírito?
“Pode-se, é fora de
dúvida, pelo pensamento.”
- Há
então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito?
“Sim e acima de tudo Deus,
o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o
que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material se tem que juntar o
fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o Espírito e a
matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o Espírito possa exercer ação sobre ela.
Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material,
ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente
matéria, razão não haveria para que também o Espírito não o fosse. Está colocado
entre o Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis
combinações com esta e sob a ação do Espírito, de produzir a infinita variedade das coisas
de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou
elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria
em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.”
- Esse fluido será o que designamos pelo
nome de eletricidade?
“Dissemos que ele é
suscetível de inúmeras combinações. O que chamais fluido elétrico, fluido magnético, são
modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita,
mais sutil e que se pode considerar independente.”
- Pois
que o Espírito é, em si, alguma coisa, não seria mais exato e menos sujeito a confusão dar aos dois
elementos gerais as designações de - matéria inerte e matéria inteligente?
“As palavras pouco nos
importam. Compete-vos a vós formular a vossa linguagem de maneira a vos entenderdes. As vossas
controvérsias provêm, quase sempre, de não vos entenderdes acerca dos termos que
empregais, por ser incompleta a vossa linguagem para exprimir o que não vos fere os
sentidos.”
Um fato patente domina todas as
hipóteses: vemos matéria destituída de inteligência e vemos um princípio inteligente que
independe da matéria. A origem e a conexão destas duas coisas nos são desconhecidas. Se
promanam ou não de uma só fonte; se há pontos de contacto entre ambas; se a inteligência
tem existência própria, ou se é uma propriedade, um efeito; se é mesmo, conforme à opinião
de alguns, uma emanação da Divindade, ignoramos.
Elas se nos mostram como sendo
distintas; daí o considerarmo-las formando os dois princípios constitutivos do Universo.
Vemos acima de tudo isso uma inteligência que
domina todas as outras, que as governa,
que se distingue delas por atributos essenciais. A
essa inteligência suprema é que chamamos
Deus.Propriedades da Matéria Espaço Universal Formação dos Mundos
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